Não. Os traços de gênero em humanos são amplamente determinados por processos biofísicos. Parece haver uma facção política vocal que tenta convencer as pessoas, em nome da liberdade e igualdade, de que os traços de gênero são completamente aprendidos e, portanto, arbitrários. Mas essa alegação vai contra as evidências científicas. Em geral, os meninos brincam mais com carrinhos e as meninas brincam mais com bonecas, não porque seus pais estão perpetuando estereótipos de gênero ultrapassados, mas porque seus cérebros estão lhes dizendo para fazer isso. Esse fato não significa que os meninos precisam brincar com brinquedos de menino, ou que meninos que brincam com bonecas não são realmente meninos. Trata-se apenas de uma observação científica sobre o comportamento médio e sua ligação com o desenvolvimento fetal.
Como a maioria de nós aprendeu na escola, os machos humanos possuem cromossomos XY em seu código genético, enquanto as fêmeas possuem cromossomos XX. Quando um bebê começa a se formar no útero, seus cromossomos sexuais ditam a diferenciação sexual entre um corpo masculino e feminino. O processo é complexo e multifacetado, mas o principal agente é um hormônio chamado testosterona. Sem testosterona, o bebê se desenvolve como uma menina. Com testosterona, o bebê se desenvolve como um menino. A testosterona dita o desenvolvimento dos órgãos reprodutivos masculinos e das características sexuais secundárias. A testosterona também tem um efeito no cérebro em desenvolvimento do bebê. Como resultado, os cérebros dos meninos acabam sendo maiores que os das meninas (isso não significa que eles são mais inteligentes). A testosterona também sinaliza ao cérebro, enquanto ele se desenvolve no útero, para pensar como masculino. Sem a presença da testosterona, os cérebros femininos desenvolvem mais interconexões neurais (a substância branca do cérebro). Isso explica por que as mulheres conseguem realizar múltiplas tarefas de forma mais eficaz do que os homens.
Os fatores-chave na diferenciação de gênero são a testosterona no cérebro e a capacidade das células cerebrais de reagir a ela. O que acontece quando há testosterona presente no cérebro fetal, mas as células não conseguem responder a ela? Essa situação é conhecida medicamente como insensibilidade androgênica. Curiosamente, sem a ação da testosterona no cérebro, o cérebro se desenvolve como feminino. Pessoas com insensibilidade androgênica têm genes masculinos (XY), mas parecem, sentem e pensam como mulheres. Elas brincam mais com bonecas do que com carrinhos quando bebês. O fato de pessoas com insensibilidade androgênica terem genes masculinos, mas exibirem traços de gênero femininos, é uma forte evidência de que os traços de gênero são determinados pela resposta adequada das células cerebrais fetais à presença ou ausência de testosterona. A maioria das pessoas com insensibilidade androgênica nem sabe que possui genes masculinos até que testes médicos sejam realizados, porque seus cérebros femininos fazem com que se sintam totalmente femininas. Do ponto de vista filosófico, o cérebro dita a identidade e os traços de uma pessoa. Portanto, pessoas com insensibilidade androgênica podem ser legitimamente chamadas de mulheres, apesar de terem genes masculinos. Elas não são aberrações ou mutantes, mas sim mulheres plenas, pois a “masculinidade” em seu DNA nunca é ativada.
A Dra. J. Imperato-McGinley, da Universidade Cornell, que está na vanguarda da pesquisa em endocrinologia, publicou:
“A mudança de identidade de gênero de feminino para masculino foi demonstrada em indivíduos com deficiência de 5α-redutase-2 em diferentes regiões do mundo (ver a revisão recente de Imperato-McGinley e Zhu, 2002). Esses indivíduos demonstram que a exposição do cérebro ao androgênio (testosterona) no útero, durante o período pós-natal inicial e na puberdade, parece ter um impacto maior na determinação da identidade de gênero masculina do que a criação e as influências socioculturais. Normalmente, o sexo de criação e a exposição do cérebro ao androgênio agem em conjunto para determinar o gênero masculino. Indivíduos com deficiência de 5α-redutase-2 demonstram que, em um ambiente liberal, quando a criação (feminina) é discordante com o sexo biológico, o sexo biológico prevalecerá se for permitida a ativação normal da puberdade masculina (Imperato-McGinley et al., 1979b e Zhu et al., 1998). Estudos de gênero em indivíduos com deficiência de 5α-redutase-2 destacam a importância dos andrógenos, que atuam como indutores e ativadores na evolução da identidade de gênero masculina no homem.”
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